quarta-feira, 28 de junho de 2017

Tributo a Machado de Assis

Olá, pessoas!

Este mês, as obras escolhidas são de Machado de Assis, em comemoração ao seu aniversário de 178 anos.
Foto divulgação: Machado de Assis (1839 - 1908), aos 57 anos

No dia 23 de junho de 2017, o grupo "Além da Leitura" reuniu-se tendo como convidada a professora Naiane Vieira dos Reis, doutoranda do programa de Pós-graduação em Letras e Literatura da UFT, com a finalidade de debater dois contos do Machado de Assis, a saber: "Pai contra mãe" e "Missa do galo."
O debate foi mediado por Bhryan Gama Barbosa, acadêmico do curso de História, da Universidade Federal do Tocantins/ Câmpus de Araguaína. A interlocução foi iniciada a partir de perguntas motivadoras lançadas ao grupo pelo debatedor.
 A convidada destacou que o movimento de (re)leitura de Machado de Assis a levou a se deparar com a faceta sempre irônica do autor em questão. Em relação ao conto "Pai contra mãe'', a convidada ressaltou que " o conto tem a narrativa do egoísmo, por cada personagem está lutando pelos seu interesse. Clara e Cândido querem ter um filho. A tia quer que não seja ameaçada a sua situação financeira."
A convidada em interlocução com o grupo, fez algumas incursões nos contos, destacando alguns pontos:

  • A crueldade humana no conto "Pai contra mãe";
  • A fidelidade da personagem "Conceição" no conto "Missa do galo";
  • A resistência da escrava no conto "Pai contra mãe";
  • O silêncio como mecanismo de sedução entre "Conceição" e "Sr.Nogueira" no conto "Missa do galo."

Foto divulgação: Livro de contos, Machado de Assis.


Alguns fragmentos das obras para apreciação dos leitores:

"No extremo da rua, quando ela ia a descer a de S. José, Cândido Neves aproximou-se dela. Era a mesma, era a mulata fujona. --Arminda! bradou, conforme a nomeava o anúncio.
Arminda voltou-se sem cuidar malícia. Foi só quando ele, tendo tirado o pedaço de corda da algibeira, pegou dos braços da escrava, que ela compreendeu e quis fugir. Era já impossível. Cândido Neves, com as mãos robustas, atava-lhe os pulsos e dizia que andasse. A escrava quis gritar, parece que chegou a soltar alguma voz mais alta que de costume, mas entendeu logo que ninguém viria libertá-la, ao contrário. Pediu então que a soltasse pelo amor de Deus." (Pai contra mãe)


"O amor traz sobrescritos." (Pai contra mãe)

"A ESCRAVIDÃO levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha-de- flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dous para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber. perdiam a tentação de furtar, porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dous pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras." (Pai contra mãe)

"--Estou grávida, meu senhor! exclamou. Se Vossa Senhoria tem algum filho, peço-lhe por amor dele que me solte; eu serei tua escrava, vou servi-lo pelo tempo que quiser." (Pai contra mãe)

"E não saía daquela posição, que me enchia de gozo, tão perto ficavam as nossas caras." (Missa do galo)

"Tal foi o calor da minha palavra que a fez sorrir."(Missa do galo)

"O teatro era um eufemismo em ação." (Missa do galo)

"Durante a missa, a figura de Conceição interpôs-se mais de uma vez, entre mim e o padre." (Missa do galo)

Fotos do encontro:



Foto divulgação: Grupo Além da leitura.
Foto divulgação: Grupo Além da leitura mais convidados. 


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