quarta-feira, 24 de outubro de 2018

UM ATÉ BREVE "CONTOS - Guimarães Rosa"


Olá, pessoas!

O Grupo “Além da leitura” reuniu-se no dia 25 de setembro de 2018 para o último debate de leitura do grupo, tendo como convidada a professora Dr. Janete Silva dos Santos, docente da Universidade Federal do Tocantins, do curso de Letras (Licenciatura) e do Programa de Pós-graduação em Letras: Ensino de Língua e Literatura (PPGL). A finalidade do encontro foi debater dois contos do Guimarães Rosa, a saber: “Sorôco, sua mãe, sua filha” e “A terceira margem do rio.”

Foto Divulgação: Grafic Novel de A terceira Margem do Rio
Arte: Thais dos Anjos 

Foto Divulgação: Grandes Romances e Contos de Guimarães Rosa


O debate foi mediado por Felipe Maranhão, acadêmico do curso de Letras, da Universidade Federal do Tocantins/ Câmpus de Araguaína. A interlocução foi iniciada a partir de perguntas lançadas à professora e ao grupo.

A convidada destacou que a presença da oralidade está registrada na linguagem do autor. Ela ressaltou que “Guimarães Rosa se destaca mais na criatividade, ele criou sua forma, sua linguagem. O trabalho que ele faz com a linguagem é o diferencial dele”. Em relação ao conto “Sorôco, sua mãe, sua filha” a convidada ressaltou que o trem do conto para ela é muito significativo, pois lembrou uma de suas próprias narrativas, na qual “O trem é personagem principal e que ninguém teve essa leitura antes.”, e que, no conto de Guimarães, “Quando o trem sai, tem um sentimento de partida e dor.” “O trem leva tudo dele.”
Em relação ao conto “A terceira margem do rio”, a professora ressaltou que, “por conta das experiências de vida que eu vivenciei, a terceira margem é uma metáfora. Não se pode explicar.” Em seguida ela acrescenta “A fêmea é quem regia, numa sociedade machista.”

A convidada, em interlocução com o grupo, fez algumas incursões nos contos, destacando alguns pontos:

● “A sanidade de Sorôco dependia da loucura das duas. E com os amparos que desaparecem no trem essa sanidade acaba e dá a entender que ele também ficou louco”;
● “Essas coisas que estão ocultadas no conto “A terceira margem do rio” significa o silêncio.” “Não aparece detalhes”;
● “Ele faz esse tipo de fuga.” “É o único momento de reger a si mesmo” no conto “A terceira margem do rio.”

O grupo destacou os seguintes pontos:

● “O trem pode representar modernidade” “Lá na frente pode levar o homem à solidão e à loucura” no conto “Sorôco, sua mãe, sua filha”;
● “Solidão no sentido de não ter passado e nem futuro, a mãe e a filha foram embora” no conto “Sorôco, sua mãe, sua filha”;
● “Uma carga de sentimentos.” “Sentimento de solidão” no conto “Sorôco, sua mãe, sua filha”;
● “Pobreza” “O vagão tinha grades, a família não tinha condições de pagar a primeira classe” no conto “Sorôco, sua mãe, sua filha”;
● “A vertente é a necessidade de se manter longe” no conto “A terceira margem do rio”;
● “O autoconhecimento para entender a si mesmo” no conto “A terceira margem do rio”;
● “O filho está disposto a traçar o caminho do pai” no conto “A terceira margem do rio.”

Fotos do encontro:









terça-feira, 23 de outubro de 2018

UM ENCONTRO COM O AUTOR


Olá,pessoas!

No dia 18 de setembro de 2018, o grupo “Além da Leitura” se reuniu para mais um encontro/ debate, com o Escritor e Jornalista JJ. Leandro. Desta vez a obra apreciada foi 'A morte no Bordado’.


















Autor de uma escrita muito peculiar (particular), JJ. Leandro jornalista e escritor. Autor dos livros, Quase Ave (poesia), Babaçulândia (História), A Morte no Bordado (Romance) e Memórias de Petelico (romance, no prelo) é um importante escritor maranhense, reside em Araguaína desde 1990.

Já recebeu outras duas premiações com seus livros: do Instituto Goiano do Livro como poeta inédito no Concurso Cora Coralina em 2002 e da Bolsa de Publicações Maximiano da Mata Teixeira em 2009 com A Morte no Bordado.

O debate foi mediado por Felipe Maranhão, acadêmico do 8° período do curso de Letras, da Universidade Federal do Tocantins / Câmpus Araguaína. Também contamos com a presença do escritor e poeta Orestes Branquinho Filho e o Professor e bibliotecário João Batista Carneiro.

A interlocução se deu a partir das inferências dos participantes a respeito do título do conto, qual foi sua inspiração para tornar – se escritor, sobre o tema para ele e o que tornou relevante sua escrita, entre outros assuntos.

Palavras do autor:

Para o escritor J.J. Leandro “A leitura e a literatura caminham lado a lado”.
  • O que o inquietou e o que o motivou para tornar – se escritor: foram as histórias que ouvia em sua cidade, das pessoas mais velhas e os acontecimentos da sua vida.
  • “Literatura é comunicação”.
  • A Morte no Bordado: é a expressão da própria sociedade temas que não são triviais ou comumente usados na literatura uma história mais informal do cotidiano.
  • A história é a opressão contra a mulher. Ele acredita que sua narração aconteceu no século XX.
  • A literatura é importante ser vista de diversos ângulos e viés não trabalhar só cânones, mas também com a contemporaneidade que alcance temas atuais.
  •  Ele não é do Pará e sim como ele diz “das barrancas do Tocantins”, e suas histórias são do povo de lá.
  • Sua concepção de temas de livros é bem complexa, tem o costume de anotar vários temas e abrir várias pastas em seu computador e depois começa a escrever.
  •  Gosta de escolher nomes de personagens que tragam algum significado ou tenham algum impacto, nomes simples e de fácil acesso, nomes curtos e que possa trazer familiaridade, quanto a morte no livro ele considera como uma válvula de escape.

Alguns trechos da obra:

Ricoleta tinha muito medo de se tornar uma nova dona Carmen. Não o confessara à mãe por pena de acusar-lhe o fracasso. Mas era o que a fazia ter calafrios.
Estava decidida a ficar em Itaoca. Ainda que isso representasse um passo na direção da materialização de seu medo. Ficaria. E não para resgatar o seu casamento ou salvar as aparências - que não tinha mais ilusões com isso. Quiçá para urdir uma vingança. Se as promessas de felicidade frustraram-se, vingar-se-ia de quem lhe causara esse infortúnio. O que lhe restava na vida senão isso?" pg. 112-113

“Adalgisa limpava com Cleó o grande salão após o almoço. Algumas meninas lavavam roupas e louças na beira do rio, e outras passavam roupa a ferro em brasa no final do corredor”.


quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Lima Barreto - Triste fim de Policarpo Quaresma


Olá, pessoas!

Nós últimos meses, o grupo Além da Leitura, a fim de expandir os círculos de leitura, transpassaram novamente os muros da universidade, dirigindo-se, desta vez, as instituições de ensino de todos os níveis, passando pela UNITPAC, a Escola Norte Goiano e a Escola Vila Nova. Falamos, em nossos diversos encontros, de leitura, de leitor e, principalmente, de literatura.

Neste último encontro, contemplamos a obra “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, do Romancista brasileiro Lima Barreto. A leitura dessa obra se mostra ainda muito atual, principalmente por todos os acontecimentos nacionais que vivenciamos nesse período.

Foto divulgação: Triste fim de Policarpo Quaresma em duas edições 




















Desta vez, antes de partirmos diretamente para as impressões sobre a leitura em destaque, nós participantes do projeto optamos por compartilhar, brevemente, o nosso percurso, como leitores em formação, atribuindo, geralmente, as inspirações de leitura a pessoas próximas que nos incentivaram a desbravar esse mundo de mistérios, de alegrias, de tristezas que é a leitura.

Nesse encontro, os alunos da escola fizeram-se presentes, contribuindo com suas impressões e as leituras da obra em questão e, juntos, levantamos os seguintes apontamentos, tomados, por nós, como chaves de leituras:
  •         A contemporaneidade da obra que ainda se faz tão marcante na sociedade de hoje;
  •          A desvalorização da cultura e das riquezas nacionais;
  •         A valorização da cultura estrangeira;
  •         Temáticas políticas.
Alguns fragmentos da obra para apreciação do leitor:
  • “Quem uma vez esteve diante deste enigma indecifrável da nossa própria natureza, fica amedrontado, sentindo que o gérmen daquilo está depositado em nós e que por qualquer cousa ele nos invade, nos toma, nos esmaga e nos sepulta numa desesperadora compreensão inversa e absurda de nós mesmo, dos outros e do mundo. Cada louco traz em si o seu mundo e para ele não há mais semelhantes: o que foi antes da loucura é outro muito outro do que ele vem a ser após” (p. 57)
  • "Não estava ali a terra boa para cultivar e criar? Não exigia ela uma árdua luta diária? Por que não se empregava o esforço que se punha naqueles barulhos de votos, de atas, no trabalho e no fecundá-la, de tirar dela seres, vidas – trabalho igual ao de Deus e dos artistas? Era tolo estar a pensar em governadores e guaribas, quando a nossa vida pede tudo à terra e ela quer carinho, luta, trabalho e amor…” (p. 73)
  • “Para Dona Adelaide, a vida era cousa simples, era viver, isto é, ter uma casa, jantar e almoço, vestuário, tudo modesto, médio. Não tinha ambições, paixões, desejos. Moça, não sonhara com príncipes, belezas, triunfos, nem mesmo um marido." (p. 93)
  • "Mas, como é que ele tão sereno, tão lúcido, empregara sua vida, gastara o seu tempo, envelhecera atras de tal quimera? Como é que não viu nitidamente a realidade, não a pressentiu logo e se deixou enganar por um falar ídolo, absorver-se nele, dar-lhe em holocausto toda a sua existência? Foi o seu isolamento, o seu esquecimento de si mesmo; e assim é que ia para a cova, sem deixar traço seu, sem um filho, sem um amor, sem um beijo mais quente, sem nenhum mesmo, e sem sequer uma asneira!" ( p. 235)

Fotos dos encontros:











quarta-feira, 20 de junho de 2018

Laços de Família (Clarice Lispector)



Foto de divulgação: Rocco Digital 
       


Olá, pessoas!


No dia 16 de maio de 2018,  o grupo " Além da Leitura" reuniu-se para mais um compartilhamento de leitura.
Nesta ocasião, retornamos ao Colégio Estadual Adolfo Bezerra de Menezes a convite da direção do Colégio e da Biblioteca, para contemplarmos os contos de Clarice Lispector: " Laços de família", "Feliz Aniversário", " O Jantar" e " O Crime de um professor de matemática".
Desta vez, os diálogos e relatos de experiência de leitura foram compartilhados entre participantes do grupo  e  alunos do Colégio, que apreciaram e comentaram os contos lidos.
A conversa foi mediada por Felipe Pereira Maranhão e Débora Aparecida da Silva Carvalho, ambos  acadêmicos do 7° período do curso de Letras, da Universidade Federal do Tocantins ( UFT )- Câmpus Cimba.
Por meio desses diálogos, o grupo destacou os seguintes pontos:

  • A família e o cotidiano;
  • A complexidade da natureza humana;
  • As relações frágeis e superficiais no âmbito familiar;
  • O cuidado e o respeito;
  • A(s) problemática(s) da velhice;
  • As relações de poder e de empoderamento feminino; 
  • Olhar o outro e, ao mesmo tempo, olhar para si mesmo;
  • A sensação de identificação com os contos; 
  • As projeções de leitura e de interpretação feito por meio  dos títulos dos contos.

Alguns fragmentos dos contos para apreciação do leitor:


"Agora estou bem certo de que não fui eu quem teve um cão. Foste tu que tiveste uma pessoa.” “Mas possuíste uma pessoa tão poderosa que podia escolher: e então te abandonou". 
O Crime de um professor de matemática


"A última luz da tarde estava pesada e abatia-se com gravidade sobre os objetos. As areias estalavam secas. O dia inteiro estivera sob essa ameaça de irradiação. Que nesse momento, sem rebentar, embora, se ensurdecia cada vez mais e zumbia no elevador ininterrupto do edifício. Quando Catarina voltasse eles jantariam afastando as mariposas. O menino gritaria no primeiro sono, Catarina interromperia um momento o jantar… e o elevador não pararia por um instante sequer?! Não, o elevador não pararia um instante. – “Depois do jantar iremos ao cinema”, resolveu o homem. Porque depois do cinema seria enfim noite, e este dia se quebraria com as ondas nos rochedos do Arpoador".
Laços de família


"Mas eu sou um homem ainda. Quando me traíram ou assassinaram, quando alguém foi embora para sempre, ou perdi o que de melhor me restava, ou quando soube que vou morrer – eu não como. Não sou ainda esta potência, esta construção, esta ruína. Empurro o prato, rejeito a carne e seu sangue." 
O Jantar


"E, para adiantar o expediente, vestira a aniversariante logo depois do almoço. Pusera-lhe desde então a presilha em torno do pescoço e o broche, borrifara-lhe um pouco de água-de colônia para disfarçar aquele seu cheiro de guardado – sentara-a à mesa. E desde as duas horas a aniversariante estava sentada à cabeceira da longa mesa vazia, tesa na sala silenciosa". Feliz Aniversário


Algumas fotos do encontro:






















sábado, 12 de maio de 2018

O Quinze - Uma leitura de sensações

Olá, pessoas!

No dia 20 de Março de 2018, o grupo "Além da Leitura" reuniu - se para mais um compartilhamento de leitura. Desta vez, a obra contemplada foi 'O Quinze', de Rachel de Queiroz.

Foto divulgação: O Quinze- Rachel de Queiroz
Ed. 93




















Neste dia, o grupo dirigiu - se ao colégio Estadual Adolfo Bezerra de Menezes, a convite da direção do colégio e da biblioteca, visando à apresentação do projeto, como forma de incentivo à leitura.

Com uma linguagem acessível e atual, a autora trabalha em sua narrativa com a linguagem e os dizeres nordestinos, mas de forma leve, mesmo tratando de temáticas tão pesadas, como é o caso da seca, da miséria e diferentes conflitos humanos.

O debate foi mediado por Felipe Pereira Maranhão, acadêmico do 7° período do curso de Letras, da Universidade Federal do Tocantins  / câmpus de Araguaína. O mediador - participante foi lançando perguntas de modo que os participantes dialogassem contribuindo com suas leituras.

Por meio desses diálogos, o grupo destacou os seguintes pontos:

  • A corrupção do governo;
  • Relações dos personagens com a religião (crenças);
  • O papel da mulher na sociedade;
  • O percurso de personagem na narrativa;
  • Foco na seca e na miséria e como elas afetam os personagens, o que não significa dizer que não há saída para cada um deles a seu modo.

Alguns fragmentos para apreciação do leitor:

"E antes de se erguer, chupou os dedos sujos de sangue, que lhe deixaram na boca um gosto amargo de vida."

"Todo o dia a cavalo, trabalhando, alegre e dedicado, Vicente sempre fora assim, amigo do mato, do sertão, de tudo o que era inculto e rude."

"CHEGOU a desolação da primeira fome. Vinha seca e trágica, surgindo no fundo sujo dos sacos vazios, na descarnada nudez das latas raspadas."

"CONCEIÇÃO passava agora quase o dia inteiro no Campo de Concentração, ajudando a tratar, vendo morrer às centenas as criancinhas lazarentas e trôpegas que as retirantes atiravam no chão, entre montes de trapos, como um lixo humano que aos poucos se integrava de todo no imundo ambiente onde jazia."

Algumas fotos do encontro:

















quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Somos Todos Extraordinários

Olá, pessoas!

No ano de 2017, no dia 04 de Dezembro, o grupo "Além da Leitura" reuniu - se para mais um encontro, com o foco no compartilhamento de leitura em torno da obra 'Extraordinário', da autora americana Raquel Jaramillo Palácio  (2013).

Foto divulgação: Extraordinário - R. J. Palácio; Ilustrações - Tad Carpenter.







Foto divulgação: Raquel Jaramillo  Palacio



















Com uma linguagem acessível, a obra descreve momentos comoventes e descontraídos a partir dos olhos de um garoto de dez anos de idade, cujo personagem tem como nome August Pullman, que está presente em todo o percurso da narrativa. O enredo ainda trás a tona as temáticas da superação e da quebra de paradigmas, e de preconceito com o diferente.

O debate foi mediado por Jherllison Monteiro Carvalho da Costa, acadêmico do 6° período do Curso de Letras, da Universidade Federal do Tocantins / câmpus de Araguaína. O mediador - participante foi lançando perguntas e reflexões acerca da obra de modo que os demais participantes tivessem voz, contribuindo com as suas impressões de leitura e demonstrando suas relações afetivas referente a elas.

A interlocução se deu a partir das inferências dos participantes a respeito de suas perspectivas quanto aos personagens e suas implicações em torno da personagem principal.

Participantes do grupo Além da Leitura.

Somos todos Extraordinários.



























Alguns fragmentos para apreciação do leitor:
"Os preceitos do Sr. Browne:

SETEMBRO
Quando tiver que escolher entre estar certo e ser gentil, escolha ser gentil.
— Dr. Wayne W. Dyer"

"OUTUBRO
Seus feitos são seus monumentos.
— Inscrição em uma tumba egípcia"

"NOVEMBRO
Não tenha amigos que não estejam à sua altura.
— Confúcio"

"DEZEMBRO
Audentes fortuna iuvat. (A sorte favorece os bravos.)
— Virgílio"

"JANEIRO
Nenhum homem é uma ilha.
— John Donne"

"FEVEREIRO
É melhor saber algumas perguntas do que todas as respostas.
— James Thurber"

"MARÇO
Palavras gentis não custam muito, e ainda assim conquistam muito.
— Blaise Pascal"

"ABRIL
O que é belo é bom, e o que é bom em breve será belo.
— Safo"

"MAIO
Faça todo o bem que puder,
De todas as maneiras que puder,
De todas as formas que puder,
Em todos os lugares que puder,
Em todos os momentos que puder,
A todas as pessoas que puder,
Sempre que puder.
— Regra de John Wesley"

"JUNHO
Apenas siga o dia e busque o sol!
— The Polyphonic Spree, “Light and Day”

Grupo Além da Leitura, na estréia do Filme Extraordinário (2017).