No dia 17 de Outubro de 2017, o grupo “Além da Leitura” se reuniu para mais um encontro/ debate; desta vez a obra apreciada foi 'O Conto da Ilha Desconhecida’, do autor (escritor) contemporâneo José Saramago.
Foto divulgação: Três edições de O Conto da Ilha Desconhecida - José Saramago |
Autor de uma escrita muito peculiar (particular), Saramago foi um importante escritor português, ganhador de vários prêmios importantes, entre eles o Prêmio Nobel de Literatura e o Prêmio Camões. A partir das diferentes perspectivas de leitura, somos levados a propor aproximações de temáticas do cotidiano com a obra em questão. Encontramos temáticas que abordam uma feroz crítica da desigualdade social.
O debate foi mediado por Luís Eduardo Vitor de Castro, acadêmico do 8° período do curso de Letras, da Universidade Federal do Tocantins / Câmpus Araguaína.
A interlocução se deu a partir das inferências dos participantes a respeito do título do conto, o que serviu de mote para a discussão de como os participantes elegem uma obra para leitura própria, na qual foram levantadas pontos como as características "extraliterárias" tais como: o titulo; sinopse da 4° capa; editora; o resumo (comentário) da orelha; etc.
Logo em seguida, os participantes discutiram outros pontos como:
• A força da personagem feminina (mulher da limpeza) na narrativa;
• O egoísmo do Rei;
• A persistência do protagonista (homem do barco) em busca dos seus sonhos;
• O barco como instrumento de efetividade dos sonhos;
• O que seria a Ilha Desconhecida para cada participante;
• A hierarquia de poder falha no castelo do Rei;
• O desejo como um dos temas principais no conto.
Alguns fragmentos da obra para apreciação dos leitores:
“Acordou abraçado à mulher da limpeza, e ela a ele, confundidos os corpos, confundidos os beliches, que não se sabe se este é o de bombordo ou o de estibordo. Depois, mal o sol acabou de nascer, o homem e a mulher foram pintar na proa do barco, de um lado e do outro, em letras brancas, o nome que ainda faltava dar à caravela. Pela hora do meio-dia, com a maré, A Ilha Desconhecida fez-se enfim ao mar, à procura de si mesma.”
“Homem do barco: Sim, às vezes naufraga-se pelo caminho, mas se tal me viesse a acontecer, deverias escrever nos anais do porto que o ponto a que cheguei foi esse.
Capitão: Queres dizer que chegar, sempre se chega.
Homem do barco: Não serias quem és se não o soubesse já.”
“Homem do barco: Que é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não nos saímos de nós.
Mulher da limpeza: Se não saímos de nós próprios, queres tu dizer.
Homem do barco: Não é a mesma coisa.”
“Homem do barco: Se não sais de ti, não chegas a saber quem és.
Mulher da limpeza: O filósofo do rei, quando não tinha que fazer, ia sentar-se ao pé de mim, a ver-me passajar as peúgas dos pajens, e às vezes dava-lhe para filosofar, dizia que todo o homem é uma ilha,[...].”